Luís Miguel Cintra

Luís Miguel Cintra

Luís Miguel Cintra (29 de abril de 1949, Madrid) é um dos nomes maiores do teatro em Portugal e, também, um dos rostos mais reincidentes do cinema português realizado a partir dos anos 1970.
Iniciou a sua carreira no teatro em 1968, no Grupo de Teatro de Letras da Faculdade de Letras na Universidade de Lisboa. Em 1970, uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian leva-o para Inglaterra, onde completa, em 1973, o Acting Technical Course, na Bristol Old Vic Theatre School. No mesmo ano, regressa a Portugal e funda o Teatro da Cornucópia, com Jorge Silva Melo. É na Cornucópia que Luís Miguel Cintra virá a centrar a sua carreira de mais de 40 anos no teatro, como actor e encenador.
Interpretou peças de diversos autores, tais como Tcheckóv, Goethe, Molière, Gil Vicente, Pier Paolo Pasolini, R.W. Fassbinder, Luís de Camões, Stravinski, Jean Genet, Pierre Corneille, Samuel Beckett, Shakespeare, entre outros.
Para além do teatro, Luís Miguel Cintra impôs a sua presença em dezenas de filmes do cinema português iniciando a sua carreira de actor ao participar em Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço em 1971, de João César Monteiro, com quem mantém uma colaboração muito próxima, participando em vários títulos do mesmo: Silvestre (1982), Recordações da Casa Amarela (1989), Branca de Neve (2000), entre outros. Colabora também com Manoel Oliveira em mais de 20 filmes, dos quais podemos destacar A Divina Comédia (1991), Vale Abraão (1993), Espelho Mágico (2005), O Velho do Restelo (2013).
A sua carreira de actor contou ainda com a sua participação em filmes de Paulo Rocha ( A Ilha dos Amores, 1982, Se Eu Fosse Ladrão, Roubava, 2013), Solveig Nordlund (Nem Pássaro Nem Peixe, 1978), Jorge Silva Melo (Ninguém Duas Vezes, 1985), João Botelho (Aqui na Terra, 1993), Maria de Medeiros (A Morte do Príncipe, 1991, Capitães de Abril, 2000), Teresa Villaverde (Três Irmãos, 1994), Pedro Costa (O Sangue, 1991, Casa de Lava, 1995), John Malkovich (The Dancer Upstairs, 2002), Rita Azevedo Gomes (Correspondências, 2016) e Sérgio Tréfaut (Seara de Vento, 2017), entre muitas outras de colaborações, contando com cerca de uma centena filmes no seu currículo.
Recebeu vários prémios, entres os quais o Prémio bordalo da Casa da Imprensa para Melhor Interpretação em Cinema (1995) e Melhor Interpretação em Teatro (1997), o Globo de Ouro em 1999 para Personalidade do Ano em Teatro em 1999, e de Melhor Actor de Teatro em 2003, pela sua interpretação em Esopaida ou a Vida de Esopo de António José da Silva. Em junho de 1998 recebeu o grau da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
Em 2015 anuncia o fim da sua presença nos palcos do teatro, mas mantém-se activo como encenador e actor de cinema. Recebe no mesmo ano o Prémio Sophia Carreira e em 2016 é homenageado no Teatro Municipal de São Luís, com a atribuição do seu nome à sala principal. Em 2017 recebeu o Prémio Árvore da Vida.