Elso Roque

Longas-metragens, curtas, documentários em Portugal, Angola, França, dezenas e dezenas de filmes num curriculum notável que transformam Elso Roque num dos mais extraordinários Directores de Fotografia europeus. É dele a imagem dos clássicos de Oliveira, Rocha, Macedo, Botelho, Galvão Teles, Lauro António, Reis e Cordeiro e uma lista infindável sem a qual não se teria escrito a História do Cinema Português.
Nascido em 1939, no Seixal, iniciou a sua atividade profissional, aos 22 anos, como assistente de imagem de Luc Mirot, no filme “Verdes Anos”, de Paulo Rocha. No ano seguinte trabalha no filme “Le Pas de Trois”, de Alain Bornet, onde durante duas semanas fotografa sozinho.
Pouco tempo depois de ter frequentado um estágio no IDEHC, em Paris, é convidado por António de Macedo para fotografar “Domingo à Tarde”, um filme baseado na obra de Fernando Namora e assim, passados três anos, assina a sua primeira obra cinematográfica. A colaboração entre os dois seguiu-se por mais cinco filmes e no período da Cooperativa Cinequanon em mais seis documentários e telefilmes.
A sua passagem pelos Serviços Cartográficos do Exército, durante o serviço militar, é a rampa de lançamento para uma carreira de cameraman que nunca mais viria a largar.
No filme “Vacances Portugaise” de Pierre Kast, onde exerceu funções de segundo assistente, tem o seu primeiro contacto com a ficção. A direção fotográfica do filme estava a cargo de Raoul Coutard, que se celebrizou durante a «nouvelle vague», tendo Elso Roque tido oportunidade de conhecer as novas tendências fotográficas que dominavam o cinema francês da época. Foi ainda assistente de imagem de Augusto Cabrita no filme “Belarmino” de Fernando Lopes, e novamente de Raoul Coutard em “La Peau Douce” de François Truffaut, em 1964.
O reconhecimento do seu trabalho surgiu no momento em que florescia o Cinema Novo Português. O filme “Mudar de Vida”, de Paulo Rocha, (o segundo filme em que participou como Diretor de Fotografia) simboliza essa época. No período que se segue, trabalhou regularmente com Manoel de Oliveira e o seu trabalho em “Francisca”valeu-lhe vários prémios e reconhecimento internacional.
Entre muitos outros realizadores, colaborou com João Botelho nos filmes “Tempos Difíceis”, numa vigorosa fotografia a preto e branco, e mais recentemente em “Quem És Tu ?”, baseado na obra “Frei Luís de Sousa”.
Considerado um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema português, da segunda metade do século XX, foi premiado na categoria de “Melhor Fotografia”com os filmes “Francisca” (1981) no Festival de Cinema Figueira da Foz, “Ana” (1982) pela Gente/Sete, “Vestido Cor de Fogo” (1985) no Festival Arcos de Valdevez, “Tempos Difíceis” (1988) pelo IPC – Instituto Português de Cinema, e “O Rio do Ouro” no Festival do Gramado Brasil.
Foi ainda o Director de Fotografia de longas-metragens como “Aqui na Terra” (1993), “O Rio do Ouro” (1998), “A Raiz do Coração” (2000), “Quem és Tu?” (2001) e “ O Segredo das Pedras Vivas” (2016).
Recebeu o Prémio Sophia Carreira em 2017.