Ruy de Carvalho

Ruy de Carvalho

Em 2017, na celebração dos 75 anos de carreira (e dos 90 anos de vida) de Ruy de Carvalho, a Academia Portuguesa de Cinema celebrou também o percurso cinematográfico do Actor. O Actor recebeu o segundo Prémio Sophia de Mérito e Excelência atribuído por esta Academia, no dia 22 de Março de 2017, no Salão Preto e Prata, no Casino do Estoril, durante a gala dos Sophia 2017.

Ruy de Carvalho, nascido em Lisboa, a 1 de março de 1927, iniciou a sua carreira no teatro em 1943 de forma amadora, no Grupo da Mocidade Portuguesa, com a peça “O Jogo para o Natal de Cristo”. Formado pelo Conservatório Nacional, estreia-se profissionalmente no Teatro D. Maria II em 1947, integrado no elenco da comédia “Rapazes de Hoje” de Roger Ferdinand.

Em 1950, fica conhecido pela sua interpretação de Eric Birling em “Está lá Fora um Inspector”, de J. B. Priestley (1951) no Teatro Avenida. Seguiram-se a companhia Rafael Oliveira, o Teatro Monumental, o Teatro do Povo e o Teatro Moderno de Lisboa, um grupo teatral progressista fundado pelo actor em 1961, que revela autores nunca representados em Portugal, à revelia da censura. Em 1963, assumiu a direcção artística do Teatro Experimental do Porto, onde realizou a sua única experiência como encenador, com “Terra Firme” de Miguel Torga. Regressou ao Teatro D. Maria II, quando este reabriu, em 1978. Trabalhaou com Filipe La Féria em espetáculos como Passa Por Mim no Rossio (TNDMII, 1992), Maldita Cocaína (Teatro Politeama, 1994) ou A Casa do Lago, de Ernest Thompson (Teatro Politeama, 2002). Ao longo da sua carreira interpretou autores como Molière, Tennessee Williams, Anton Tchekhov, Eça de Queiroz, Luiz Francisco Rebello e William Shakespeare.

Em Espanha, trabalhou no Teatro Monumental de Madrid, a convite do encenador Simon Suarez, e protagonizou “Fígaro” de José Ramon Encinar, no Teatro Lírico La Zarzuela, também na capital espanhola.

De “Eram Duzentos Irmãos”, de Armando Vieira Pinto, em 1952, passando pelos clássicos do Cinema Novo às obras mais marcantes de Oliveira, Ruy de Carvalho passou por alguns dos mais importantes filmes da História do Cinema Português, deixando a sua notável marca em todos eles.

Da sua filmografia destacam-se “Pássaros de Asas Cortadas” (1963), de Artur Ramos, “Domingo à Tarde” (1965), de António Macedo, “A Bicha de Sete Cabeças” (1978), também de Macedo, “O Cerco” (1969), de António da Cunha Telles, “Cântico Final” (1974), de Manuel Guimarães. Em 1990, entrou em “O Processo do Rei”, de João Mário Grilo, e “Non ou a Vã Glória de Mandar”, de Manoel de Oliveira, com quem trabalhou ainda em “A Caixa” (1994) e em “O Quinto Império – Ontem Como Hoje” (2004). Nos últimos anos entrou em “A Morte de Carlos Gardel”, de Solveig Nordlund (2011), e em “Refrigerantes e Canções de Amor”, de Luís Galvão Teles, e “A canção de Lisboa”, de Pedro Varela, ambos de 2016.

Para além dos seus filmes como ator, tem emprestado, por diversas vezes, a sua voz ao cinema. Participou também em numerosos teatros radiofónicos e trabalhos de dobragem de desenhos animados.

Em televisão o actor vê o seu nome associado à primeira peça exibida na televisão portuguesa, “Monólogo do Vaqueiro” de Gil Vicente, aquando da criação da RTP, em 1957 e também à primeira telenovela, “Vila Faia”, realizada por Nuno Teixeira em 1982. O seu nome encontra-se nos elencos de “Inspetor Max”, “O Sábio”, “Massa Fresca”, “Bem-Vindos a Beirais”, “Destinos Cruzados”, “Louco Amor”, entre outras produções.

Ao longo da sua carreira, Ruy de Carvalho foi galardoado com vários prémios, entres os quais: os Prémios de Imprensa para o Teatro (1962, 1981, 1982 e 1986), os Prémios de Imprensa para o Cinema (1965, 1966 e 1971), os Prémios da Crítica (1961, 1962, 1964, 1965 e 1981), o Globo de Ouro Personalidade do Ano (1998), o Globo de Ouro para Melhor Ator (1999). Recebeu a Medalha de Mérito Cultural em 1990, atribuída pela secretaria de Estado da Cultura, um Prémio Carreira em 1998 e em 2012, quando completou 70 anos de carreira, recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2017, recebeu o Prémio Sophia de Mérito e Excelência.